quinta-feira, 26 de maio de 2022

Lançamento do E-Book Formação Docente e Práticas Pedagógicas ( IFBA-CAMPUS JEQUIÉ)




Fotos: @ifbajequie



Roda de Conversa – IFBA Jequié

A Importância das Pesquisas em Educação

Por Fabiana Correia Moura

Pensar, dialogar, sentir a Pesquisa em Educação é exercício de construção de saberes que perpassa pela nossa constituição como gente, ser pessoa. Não compreendo a pesquisa como processo linear e empírico, não somente pelo mar de teorias e epistemologias que deixam evidente que não há neutralidades ou imparcialidades no ato de pesquisar, ainda que pela racionalidade tecnoprática, existe em nós as marcas, ou notas da experiência, vida, desejos, latentes, pulsantes. Abstrações que como diria Gaston Bachelard, a matematização não daria conta de significar esta manifestação da vida que se consagra no ato de conhecer. É uma espécie de gestação, somos fecundados por um saber embrionário, que se expande, causa desconforto, é doloroso, rasga e sangra... é um parto.

Quando convidada por Elane Nardotto, para fazer parte da mesa, me emocionei, sim, ocupar um espaço de diálogo, protagonismo, narrativa em partilha sob a benção do espírito da comunidade, me faz sentir-me honrada, sobretudo por ter participado de algumas bancas de defesas destes trabalhos, pela leitura ainda que flutuante do livro digital que carrega em suas páginas o caldo saboroso, temperado, com ingredientes bem selecionados por quem sabe o que é o Chão da Escola.

O Chão da Escola, pesquisa-formação, pesquisa-ação, são costuras sempre tecidas ultimamente, e neste movimento estou me descobrindo nos diálogos sobre autoformação, neste lastro me proponho a pensar sobre quem sou, as intersubjetividades que me tocam neste movimento de ser e viver o cotidiano deste lugar-mundo-educação.

Larrosa nos convida a questionar os sentidos e significados que temos construído no exercício da docência. Que nem sempre o melhor argumento, a narrativa aparentemente mais interessante é embebida pela experiência-palavra-vida. Talvez, seja este o nosso maior desafio. O pluriverso se constitui pela palavra.

“Eu creio no poder das palavras, na força das palavras, creio que fazemos coisas com as palavras e, também, que as palavras fazem coisas conosco. As palavras determinam nosso pensamento porque não pensamos com pensamentos, mas com palavras, não pensamos a partir de uma suposta genialidade ou inteligência, mas a partir de nossas palavras. E pensar não é somente “raciocinar” ou “calcular” ou “argumentar”, como nos tem sido ensinado algumas vezes, mas é sobretudo dar sentido ao que somos e ao que nos acontece.

Somos constituídos a partir da energia do pensamento que se torna comunicável ao mundo externo. Nossos discursos são carregados de subjetividades, logo, de experiência, mas, que experiência, qual experiência?

Larrosa nos diz que “A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece.”

Parafraseando Alan Chalmers em O Que é Ciência, afinal, questionando os paradigmas, suas estruturas, sua rigidez, flexibilizações, incompletudes, estruturalismos. Trago na mesm guisa reflexiva: O que é Pesquisa, afinal? Que importância tem a pesquisa em Educação? Seja no campo da Formação de Professores, nos debates sobre currículos, nas análises de sequências didáticas, nos estudos em Educação Inclusiva, Gênero, Sexualidade, Educação para as Relações Étnico-raciais. A pesquisa é uma perspectiva de análise sobre a realidade, por meio dela aguçamos os olhares pluriversos, redimensionamos as lentes de análise, contribuímos com a construção de saberes, conhecimentos, aportes teóricos que pulverizam práxis, por vezes, limitadas, destoantes, contraditórias. E o que somos na vida? A tessitura dos paradoxos, inacabamentos, inconclusão. Como diz Larrosa, somos sujeitos expostos pela experiência.

O ato pesquisante, formativo extrapola o problema, a justificativa, os objetivos, o referencial teórico, a metodologia e as referências bibliográficas, o texto escrito é o recorte de uma experiência muito mais ampla, carregadas de leituras, debates, discussões, inquietações, medos, desânimo, resiliência, coragem, autonomia, colaboração, sororidade, re(existências), como diz Elane antes da pesquisa, a vida acontece.

Proponho outras tecelagens, escrutínios do ser/existir/pensar/devir...

O E-book Formação Docente e Práticas Pedagógicas, não apresenta somente novas teorizações ou modelos didáticos, mas, propõe construção de novas travessias, perspectivas, propostas para o fazer didático, forjar sentidos outros para o fazer docente e a escola, pela emergência da Pesquisa Científica como espaço de todos, principalmente, nós docentes da educação básica.

As problematizações e teorizações postuladas para este e-book, como evoca bell hooks, é um chamado imperativo para transgredimos os modelos e transitarmos das margens ao centro. É sobre amorosidade revolucionária.

As Pesquisas em Educação cooperam para construirmos caminhos entre a rigorosidade metódica e a curiosidade intelectual que move o sujeito cognoscente como propõe Paulo Freire.

“A rigorosidade intelectual e o exercício da curiosidade epistemológica não podem nos tornar um fatalista sobre a realidade, ou assumir uma postura arrogante. A mentalidade científica é um movimento que se desenha em costuras e alinhavos diversos.  Entre unidade da Ciência e a teia complexa do conhecimento de leis que regem a órbita do universo, possamos cocriar condições para formar cientistas e gentes, gentes e cientistas.”

 Fabiana Moura, Pedagoga, Professora, Palestrante, Mestra e Doutoranda em Educação Científica e Formação de Professores (UESB-Jequié) 

Aprendiz de blogueira!

Grupo de Estudos e Pesquisas Impressões

 

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