Hoje o Travessias têm
a honra de contar para o mundo a História de Vida e Formação de Gisele Gomes Andrade. Técnica de
Segurança, Tecnóloga em Gestão Ambiental e Licenciada em Pedagogia.
Especialista em Gestão de Pessoas, Gestão de Riscos; Concluinte da Especialização
em Formação Docente e Práticas Pedagógicas pelo Instituto Federal Bahia. Esse lugar de sincronicidade que por meio de Elane
Nardotto me cerca de experiências transcendentais. Foi ela que me apresentou
Gisele, esta Mulher Infinita como consagra a Poesia de Ryane Leão, “ Tudo Nela
Brilha e Queima.”
Gisele estudou em
escola de cunho religioso, um dos fatos marcantes na vida desta mulher
multifacetada foi assumir com liberdade as suas escolhas, e por vezes, era apontada na escola por
subverter os padrões impostos. Disruptiva, uma Anésia Cauaçu da sua geração?
Uma garota da
periferia, morou em áreas invadidas, engravidou aos dezesseis anos. Numa
sociedade marcada pelo machismo, sexismo e desigualdade de gênero a maternidade
aos 16 anos atrasou a conclusão do Ensino Médio, mais tarde a modalidade de
conclusão CPA, Comissão Permanente de Avaliação permitiu que Gisele concluísse
o ciclo de escolarização. A CPA, modalidade que flexibiliza condições para que mulheres com história de
vida como dela concluam os estudos e acessem outras oportunidades de formação.
Quando o Travessias
questiona Gisele a respeito do interesse pela profissão docente, ela responde
que sente-se vocacionada a compartilhar saberes. A medida que a práxis docente
foi se desdobrando na sua atuação profissional, ainda como tecnóloga ela sentiu
a necessidade de buscar novos caminhos e aperfeiçoar a profissão docente, ela
então decidiu cursar Pedagogia.
“Ela relata: “ Com o passar dos anos fui
buscando aprimorar a forma de trocar experiências
e descobri o meu lugar. Penso que já nascemos docentes e como passar do tempo
nos descobrimos e podemos melhorar a forma de fazer. Existem pessoas com muitos
títulos, mas, o fazer docente, não está lá.”
Esta fala nos
rememora o que Paulo Freire denomina de vocação ontológica em compreender o
fazer prático como instrumento de transformação da realidade.
“
A realidade social, objetiva, que não existe por acaso, mas como produto da
ação dos homens, também não se transforma por acaso. Se os homens são
produtores desta realidade opressora e se esta na inversão da práxis, se volta
sobre eles e os condiciona, transformar a realidade opressora é tarefa histórica,
é tarefa dos homens ( FREIRE 2019, p. 51)
Gisele destaca que “a discrepância social, pelo fato
de nem todos gozarem das mesmas condições é revoltante, principalmente pelo
fato perceber que muitas pessoas não têm acesso ao mínimo para sobreviver e ao
mesmo tempo percorre o mesmo caminho ( de forma lenta, quase rastejando)
diferente de quem têm as condições em níveis econômicos mais elevados.”
O Travessias
perguntou sobre o prazer e a alegria no fazer docente, ela nos responde com
leveza:
“
Pode parecer poético, mas o brilho no olho do educando não têm preço. Vejo
sempre como incentivo para oferecer o melhor dentro das minhas possibilidades.”
E define a profissão docente em uma palavra, Desafio.
Desafio este que se
desenha no que Paulo Freire afirma em Pedagogia do Oprimido,
não há caminho senão
da prática de uma pedagogia humanizadora, em que a liderança revolucionária ,
em lugar de se sobrepor aos oprimidos e continuar mantendo quase coisas, com
eles estabelece uma relação dialógica permanente ( FREIRE, 209, p 77)
Este é o nosso
desafio diário!
O Travessias agradece
a Gisele por nos presentear com sua historicidade. Afinal, tudo é travessia.
Freire, Paulo, Pedagogia do Oprimido, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2019;
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