sábado, 22 de julho de 2023

Empoderamento Feminino e a construção da defesa pessoal é tema de Encontro com a Comunidade Escolar do Colégio Luisa Mahim

 






O Colégio Estadual Luísa Mahim, Escola de Tempo Integral, localizada na comunidade do bairro Mandacaru, em Jequié/BA, participou da segunda edição do projeto de Empoderamento feminino e construção da defesa pessoal, na última quinta-feira (21). Uma ação do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia, como iniciativa de promoção de ações socioeducativas.

domingo, 9 de julho de 2023

DIEGO SANTOS, MEDALHA DE BRONZE NO OPEN PAN-AMERICANO DE JUDÔ


 

Jequié no topo das notícias do esporte, neste final de semana. Em tempos de tantas violências raciais, ainda tão recorrentes no Brasil e em nossa cidade, a vitória de um jovem negro no  OPEN PAN-AMERICANO SÊNIOR BAHIA 2023, é uma importante mensagem de superação para a juventude.

Diego é idealizador e fundador do Instituto Diego Santos, no Bairro do Mandacaru, em Jequié- Bahia. Espaço que desenvolve ações socioeducativas com apoio da equipe de voluntários. O espaço oferece serviços gratuitos de atendimento psicológico, atividade física para mulheres, grupos focais com escuta coletiva de mulheres, dentre outras ações.



Diego Santos, é idealizador e coordenador do Projeto Judô em ação, junto com seu irmão. O projeto amplia o acesso ao esporte e resgata crianças, jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade social por meio da prática esportiva,  suporte, treino e disciplina.

Neste final de semana, o nosso campeão da Seleção Brasileira subiu ao pódio no Open Pan-Americano Sênior Bahia 2023, para celebrar mais uma conquista. A competição aconteceu no sábado, 08 de julho, na Arena de Esportes da Bahia, em Lauro de Freitas. A disputa que lhe garantiu a medalha de bronze foi celebrada por Diego com muita emoção, pelo alto nível de competividade.

“Essa medalha tem um significado especial neste momento em minha carreira” afirmou Diego. O atleta está marcando seu nome no pódio da ação solidária e na história do judô baiano. Ele coleciona medalhas em competições nacionais e internacionais em quatro categorias diferentes. 

Diego Santos é uma personalidade importante na história de Jequié.

Em entrevista ao nosso blogue, o campeão deixou sua mensagem:

"Agradeço o carinho e a torcida de cada um de vocês. Conquistar esta medalha significa muito para minha trajetória profissional. É resultado de muita dedicação e superação.  Acredito que mesmo diante das inúmeras dificuldades, devemos sempre lutar!   Obrigado de coração!"

 

Fabiana C. Moura
Pedagoga, Professora, Escritora. 
Mestra e Doutoranda em Educação Científica e Formação de Professores (UESB/JEQUIÉ)

domingo, 2 de julho de 2023

“O racismo no Brasil se caracteriza pela covardia"

 



“O racismo no Brasil se caracteriza pela covardia. Ele não se assume e, por isso, não tem culpa nem autocrítica. Costumam descrevê-lo como sutil, mas isto é um equívoco. Ele não é nada sutil, pelo contrário, para quem não quer se iludir ele fica escancarado ao olhar mais casual e superficial.” (Abdias do Nascimento)

Abdias  foi um dramaturgo, pintor, escritor, professor, deputado e senador da República. Em 1944, Abdias criou o Teatro Experimental do Negro. Na época, uma iniciativa totalmente insólita que tentava promover a inclusão de atores, diretores e autores negros. Como parlamentar, Abdias Nascimento apresentou diversos projetos para reduzir a desigualdade racial.

As forças de Segurança Pública, as Instituições, a sociedade geralmente negam o racismo em suas abordagens. Alegam que são casos isolados, acusam praticamente na totalidade, pessoas negras. Por isso, gritar que “Vidas Negras Importam” é imperativo diante dos fatos e da realidade. É despreparo técnico? Talvez.  A ausência de Educação em Direitos Humanos com recortes de gênero/raça/classe corrobora para perpetuação das violências múltiplas no Brasil. As desigualdades, a truculência, violação de direitos sustentam a estrutura de privilégios para os velhos grupos históricos. Vamos aos fatos!

Durval Teófilo, 38 anos, homem NEGRO foi morto a tiros pelo vizinho no dia 02 de fevereiro de 2022 por Aurélio Alves Bezerra, Sargento da Marinha que alega ter confundido o homem com um assaltante.

Samantha Vitena Barbosa, 31 anos, mulher negra, professora, pesquisadora, foi expulsa do voo da Gol, Linhas aéreas, por se recusar a despachar a mochila com seu notebook, em voo entre Salvador e São Paulo no mês de maio do corrente ano, 2023.

Antônio José da Silva Gonçalves, homem negro, pai, esposo, Professor, Psicopedagogo, Intelectual e Pesquisador.   No dia 24 de junho de 2023, durante os festejos juninos da cidade de Jequié-BA, foi vítima de uma abordagem truculenta da Polícia Militar do Estado da Bahia. O professor é um estudante do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Formação de Professores - PPGECFP na UESB, foi professor substituto de Atendimento Educacional Especializado (AEE) do Instituto Federal da Bahia - Campus Jequié e integrou a Coordenação de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (CAPNE). Atualmente é membro do Núcleo de Estudos AfroBrasileiros e Indígenas (NEABI) do Campus.

William Silva, Nutricionista, Pedagogo, Coordenador do Curso de Nutrição na UNIFTC-Jequié, homem NEGRO, honesto, trabalhador. Acusado de roubo no camarote do São Pedro de Ipiaú. Abordado na frente de todos por Policiais Militares.

O corpo negro é o único alvo suspeito?

 

Até quando?

Até quando

Assistiremos ao genocídio de jovens negros,

"deitados eternamente em berço esplêndido"?

Até quando

Nossos sonhos serão aniquilados

com o braço da violência

E do racismo estrutural

Institucionalizado neste país?

Parafraseando Elza Soares,

Até quando

"A carne negra será a carne mais barata do mercado”?

Até quando

Eles vão abordar a juventude negra

Entregando-lhe sentença de morte,

Destruindo nossas famílias?

Até quando

Derramarão o nosso sangue em projetos “civilizatórios”

Considerando-nos seres sem alma,

Sem intelecto e em sonhos? (...)

 

Fabiana Moura mulher negra, Pedagoga, Professora, Pesquisadora. Escritora.

Instagram: @fabiiana.moura



 




Confiram o Novo Conto " Augusto César, O Cientista que Quis ser Poeta


Augusto César, O Cientista que Quis Ser Poeta

Augusto é um menino nascido e criado na Fazenda Grande em Salvador. Na infância vivia assustando sua avó, Dona Preta, com suas artimanhas e peraltices. Era um tal de subir em árvores, comer goiaba bichada, tomar banho de rio, lago e lagoa, deixava os fios de cabelos brancos da avó em pé. 

Augusto não  conheceu a mãe. Célia morreu logo após o parto. Teve pneumonia, depressão pós-parto, anemia e desnutrição. Foi muito difícil carregar a gravidez durante os nove meses, porque eu já estava muito debilitada quando engravidou.

Dona Anésia, conhecida como Dona Preta no Retiro, Liberdade e Fazenda Grande, passou a viver entre o trabalho como diarista e em casa. Foi muito triste perder sua única filha. Criar Augusto César foi o que preencheu a alma de esperança e força.

Augusto César começou a frequentar a escola aos cinco anos. Dona Preta  trabalhava como diarista, ganhava um salário-mínimo, custa caro sobreviver, mas ela seguia firme. Fazia cocada, tapioca, bolo de milho e um caldo de abóbora que era conhecido na comunidade. O lucro oriundo dos quitutes, era usado no sustento da casa e investido nos estudos de Augusto. 

O menino peralta sempre gostou de escrever, mas os seus olhos saltavam com brilho especial na escola durante as aulas de Ciências do seu Mestre. O Professor Doutor André, homem branco, nascido e criado na periferia do Rio de Janeiro, muito consciente dos privilégios da sua cor e atento aos jovens pretos , valorizava a curiosidade da garotada.

No Ensino Médio Augusto César resolveu participar de um concurso de poesia na escola que estudava. O Colégio Estadual era próximo de sua comunidade e ele começou a sentir prazer em escrever sobre as histórias do Retiro, da Liberdade, do Largo do Tanque, o concurso lhe rendeu uma premiação e bolsa de estudos no pré-vestibular.

Se inscreveu para a Faculdade de Medicina, mas não foi aprovado com a nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), então decidiu cursar Biologia no Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, conseguiu um emprego e assim garantiu seu sustento e de sua avó, Dona Preta.

O caderno com as páginas amarelas e seus textos escritos a lápis, foi guardado numa caixa em cima do velho guarda-roupa. Augusto concluiu sua graduação, em seguida, foi aprovado para o Mestrado em Biodiversidade e Evolução. Não foi fácil conciliar os estudos e a rotina de trabalho numa barbearia.  No final do Mestrado com o dinheiro economizado, Augusto resolveu realizar um sonho antigo de Dona Anésia. Foram conhecer a mãe África. Era sonho de infância de sua avó pisar no solo de Angola. A bisavó de Augusto deixou as histórias angolanas gravadas na memória e no coração da pretinha Anésia, ainda na infância, as histórias ancestrais e de seus antepassados.

Ao voltar da viagem a Augusto se inscreveu no concurso público para professor efetivo do mesmo Instituto de Biologia que o formou e foi aprovado. Durante uma viagem da Universidade, conheceu a jovem Luanda, anos depois os dois resolverem morar juntos. 

Com muito trabalho e economias do casal, conseguiram comprar uma casa maior e realizar o sonho de morar na Barra, Augusto, Luanda e Anésia se mudaram. 

Na organização da bagagem, Dona Preta encontrou o caderno amarelo e empoeirado de Augusto César. No momento em que ele abriu o caderno, leu seus próprios textos depois de mais de doze anos, em voz alta, riu bastante, chorou emocionado e mostrou a Luanda, mulher negra, pedagoga, professora dos anos iniciais, escritora de livros infantis... ela ficou perplexa com a riqueza dos escritos de Augusto César e insistiu para que fossem publicados. 

Ele riu, dizendo que era uma besteira e que ela deveria esquecer aquela história. Ela voltou a insistir e ele nervoso, com um tom bem sério respondeu:  - "Não posso perder tempo com essas frivolidades da juventude, só quero ser cientista, preciso focar na pesquisa e no meu doutorado".

Ele precisou escolher, assim fez. Por fim, eles foram morar na nova casa na Barra e ninguém mais tocou no assunto. Dona Preta pediu a Luanda paciência, que tentasse respeitar, aceitar a decisão do seu neto:

_ " Querida a vida foi muito dura com ele, perdeu a mãe muito cedo, não conheceu o pai e enfrentou inúmeras dificuldades. Ele viu muitos de seus amigos, colegas sendo mortos pela violência."

Numa tarde de sábado,  Augusto chegou do trabalho, tomou umas cervejas sozinho em casa. Luanda e vó Preta foram visitar os parentes e só voltariam no início da noite. Ele abriu o armário, pegou o caderno  empoeirado com páginas amareladas, escreveu na última página:

 " Augusto César, o Cientista que quis ser poeta", guardou o caderno no mesmo lugar e pensou:

_ “Nem todos os sonhos do mundo são possíveis, quando se nasce pobre, órfão, preto e periférico, sobretudo num mundo que você vale mais pelo que têm e não pelo que você é.”

Moral da história: O privilégio de escolhas no Brasil, é deliberado pela cor.

Fabiana Moura, Pedagoga, Escritora, Blogueira por distração.

@fabiiana.moura (instagram)

 


A potência de Fabiana Moura em seu "Estado de Poesia"


 
 ‘"Estado de Poesia"’

O livro ‘Estado de Poesia’, da autora baiana Fabiana Moura, remete-nos à impermanência, construção e todos os devires. De tempos de outrora, desde a Idade Média… mas não é passado, é presente latente que se desdobra nas bruxas-Mulheres da atualidade e nos corpos deitados num “berço esplêndido”... O convite é potente!

Escritos-poemas que nos convidam para uma imersão mediante um campo semântico, e com sentidos do verbo sentir, para as feridas abertas, travessias, lutas, desejos, vidas, entregas, ancestralidades, subjetividades… Uma borboleta para esperançar. Que não nos falte esperança…

Esta poetisa produz a esperança alicerçada num posicionamento diante do mundo através de suas palavras bem escolhidas e ritmadas na cadência de suas vivências.

A poesia de Fabiana é viva porque brota da vida pulsante nas esferas sociais e privadas; sempre a nos lembrar que a estética literária pode materializar o texto como mediador do diálogo entre escritora e leitoras/es. Por isso, a palavra literária torna-se inacabada e aberta para a grande conversa que nunca se esgota na palavra final… A grandiosidade de seus poemas! 

Senti o fogo ardendo no meu corpo como se estivesse na fogueira, ao passo que senti meu corpo desejando liberdade quando me reconheci nas labaredas do patriarcado… Diálogo com a ancestralidade, um espelho desnudou a alma! 

Não poderia sentir diferente, pois a poesia apresentada neste livro pulsa e mexe com a gente… A literatura na sua condição de formação de subjetividades. Uma didática da subjetividade!

Por isso, entregue-se à leitura e ao sabor das palavras de uma Mulher que, na sua escrita caleidoscópica, apresenta as facetas de um mundo ancorado na sensibilidade, na delicadeza e, sobretudo, na força e no poder da palavra poética. Obrigada.

*Elane Nardotto é escritora, doutora em Educação pela UFBA e professora do IFBA.

Reportagem: https://www.correio24horas.com.br/artigo/a-potencia-de-fabiana-moura-em-seu-estado-de-poesia-0323

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