O livro ‘Estado de Poesia’, da autora baiana Fabiana Moura, remete-nos à impermanência, construção e todos os devires. De tempos de outrora, desde a Idade Média… mas não é passado, é presente latente que se desdobra nas bruxas-Mulheres da atualidade e nos corpos deitados num “berço esplêndido”... O convite é potente!
Escritos-poemas que nos convidam para uma imersão mediante um campo semântico, e com sentidos do verbo sentir, para as feridas abertas, travessias, lutas, desejos, vidas, entregas, ancestralidades, subjetividades… Uma borboleta para esperançar. Que não nos falte esperança…
Esta poetisa produz a esperança alicerçada num posicionamento diante do mundo através de suas palavras bem escolhidas e ritmadas na cadência de suas vivências.
A poesia de Fabiana é viva porque brota da vida pulsante nas esferas sociais e privadas; sempre a nos lembrar que a estética literária pode materializar o texto como mediador do diálogo entre escritora e leitoras/es. Por isso, a palavra literária torna-se inacabada e aberta para a grande conversa que nunca se esgota na palavra final… A grandiosidade de seus poemas!
Senti o fogo ardendo no meu corpo como se estivesse na fogueira, ao passo que senti meu corpo desejando liberdade quando me reconheci nas labaredas do patriarcado… Diálogo com a ancestralidade, um espelho desnudou a alma!
Não poderia sentir diferente, pois a poesia apresentada neste livro pulsa e mexe com a gente… A literatura na sua condição de formação de subjetividades. Uma didática da subjetividade!
Por isso, entregue-se à leitura e ao sabor das palavras de uma Mulher que, na sua escrita caleidoscópica, apresenta as facetas de um mundo ancorado na sensibilidade, na delicadeza e, sobretudo, na força e no poder da palavra poética. Obrigada.
*Elane Nardotto é escritora, doutora em Educação pela UFBA e professora do IFBA.
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