terça-feira, 30 de junho de 2020

Travessias em Educação: Magistério em 1999

Turma do Magistério 1999 Instituto de Educação Regis Pacheco (IERP) A foto
A femininização do Magistério é visível nas fotografias, mas, podemos considerar que avançamos neste sentido, ainda que em passos lentos. Entre os anos de 1997 a 1999, cursamos o Curso Técnico de Magistério de Nível Médio no antigo (IERP) em Jequié, Atualmente Centro de Educação Profissional Regis Pacheco. Especialmente no ano de 1999 o prédio passou por uma grande reforma, na época, salas de aula das escolas da rede privada foram alugadas, nossa turma concluiu o último ano no antigo Colégio Dinâmico. Numa turma de em média trinta estudantes, apenas um era homem e não estava presente no momento em que as fotografias foram feitas. Quando recebi as fotos postadas por uma colega e amiga, Jisza como carinhosamente chamamos, cuidamos de trocar os contatos e nos comunicar. Mas, a grande inquietação é pensar, onde estão todas estas mulheres? Passados vinte anos,início de uma nova década,questiono-me, quantas transformações ocorreram efetivamente na Educação do nosso país ? Como a nossa caminhada humana e profissional se desenrolou? Os avanços das Tecnologias de Informação e Comunicação de fatos nos fazem mais próximos? Em breve este espaço estará permeado de Histórias de vida e Travessias em Educação! Ansiamos por partilhas que façam deste espaço um Reencontro!

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Travessia da Profª Vilmabel Soares e o Instituto Vilmabel Soares

Sou a Vilmabel Soares, professora e escritora, apaixonada por uma educação que oportunize ao aluno sua própria criação, o desenvolvimento de suas capacidades e competências comportamentais atreladas aos seus professores e colegas de classe. Quando cursei o Magistério, antigo segundo grau denominado antigamente, eu já me identificava com o lúdico como ferramenta para o aprendizado e desenvolvimento dos discentes. Lembro-me que enriquecia minhas aulas com brincadeiras, cores e muitas artes. Pensava que a sala de aula devia ser um grande parque de aprendizagem e diversão para todos os meus alunos. Com isso, a minha caminhada na Educação começava a surgir. Quando me formei em Matemática (Licenciatura Plena), descobri uma maneira que encantava os alunos em aprender Matemática: eu introduzia nas aulas histórias sobre a Matemática relacionadas aos conteúdos, as quais encantavam e facilitavam o aprendizado deles. Com o tempo, senti necessidade de buscar mais conhecimentos e, principalmente, aprendizado que oportunizasse a mim e aos meus alunos a "pedagogia do afeto". Muitos atalhos percorri, entre eles estudei Psicologia em 2010. No decorrer do curso, me interessei pela área de Psicologia do Desenvolvimento da Criança e do Adolescente e participei de cursos e oficinas de teatro, desenvolvendo minhas competências socioemocionais e minhas habilidades. Além disso, cursei paralelamente a Formação Educador(a) brinquedista no Colégio Sevigne/Redes São José em Porto Alegre - RS a qual foi uma riqueza de conhecimentos e aprendizagens. Posteriormente, me dediquei a trabalhar com turmas de Teatro e criei o grupo de Teatro Pedagógico na minha cidade interiorana do RS, São José do Norte, onde regressei algum tempo. Ainda em 2010, fui presenteada com a publicação do meu primeiro livro pela Editora Vozes denominado "Práticas Pedagógicas Vivencias", a qual me classificou na categoria freudiana, livro este que a princípio teria o nome da capa de Teatro Pedagógico. Aprovado com unanimidade pela banca examinadora de seis membros avaliadores da editora, motivo de alegria e orgulho, muito mais que isso - meu sonho de menina de me tornar mulher e uma profissional-escritora! Esse livro, em ano de 2013, foi indicado no portal do professor do MEC. Nos anos seguintes foram escritos e publicados outros cinco livros. Em 2013, cursei uma especialização em Arteterapia no Instituto da Família de Porto Alegre/RS. Porém, nesse mesmo ano, me envolvi pouco com a educação nos espaços físicos escolares, pois fui acometida por um câncer de mama aos 39 (trinta e nove) anos e precisei concentrar toda a minha atenção em minha saúde. Mesmo assim, nesse ínterim de 2013 a 2016, escrevi e publiquei duas obras as quais representam fruto de muitos estudos, pesquisas e superação: autoconhecimento e autocuidado, além de um olhar reflexivo voltado para a saúde dos docentes, entre os quais, se destacam: " Como Fazer a Escolha Certa e Saúde" e "Bem Estar em Sala de Aula". Após recuperar o bem-estar, em 2018, retorno meus estudos para assuntos que permeavam a BNCC e demonstrei maior interesse pelo documento, sobretudo em sua introdução em desenvolver as 10 (dez) competências gerais do educando, entre elas, a socioemocial, cognitiva, atitudes, valores e o protagonismo juvenil. Como a BNCC me deu subsídios maiores e de maior interesse, escrevi a obra "Metodologias Ativas e Práticas Pedagógicas Inovadoras - Desenvolvendo as Competências Socioemocionais BNCC". Em 2019, realizei o lançamento dessa obra na internet e obtive muito sucesso. Contei com a colaboração e apoio de muitos profissionais de ensino e criei 72 (setenta e dois) grupos de Whatsapp entre Fevereiro a Maio desse ano, denominados "BNCC NA PRÁTICA". Hoje com formação em Educação Emocional Positiva, Practitioner em PNL e Especialista em Metodologias Ativas de Aprendizagem, me sinto convidada a capacitar e formar docentes e coordenadores pedagógicos no NOVO método que criei, o qual possibilita a implementação da BNCC de maneira mais fácil e prática e com a possiblidade disponível para qualquer professor implementá-la sem burocracias ou dificuldades a partir da sua primeira semana de aula, sendo o Método Facilitador - ICS BNCC (Intelligência Comunicativa Sistêmica) e o Programa de Competências Socioemocionais, inserido na plataforma BNCC Digital [www.bnccdigital.com.br], esses recursos reunirão todo o conhecimento dedicado e comprovado de 25 (vinte e cinco) anos de dedicação.

domingo, 28 de junho de 2020

Profissão Docente, como as nossas narrativas podem ser terapêuticas?



A História de Vida de um profissional da Educação é impregnada de sentidos diversos. Existe um forjar-se em cada processo que começa na família, em casa, no processo de escolarização e por conseguinte na opção pelo Magistério e a Licenciatura.

Em algumas histórias, por escolhas, outras pelas condições objetivas e históricas que convergiram na escolha, ainda que a contragosto, pela docência.

Neste percurso de vinte anos, conheci muitos profissionais felizes e acreditados na educação e em sua importância, mas, frustrados e receosos com as perspectivas pragmáticas da profissão, conheci tanto outros marcados pelo devir, pela necessidade e totalmente dispersos da profissionalidade docente.

Conheci muitos comprometidos e engajados com a luta por inclusão, equidade e justiça social, apesar do cansaço, diante das condições financeiras, materiais e filosóficas que desvalorizam e descredenciam a grandeza da profissão professor. 

Conforme destaca o Professor Elizeu Clementino de Souza em seu artigo Auto)biografia, histórias de vida e práticas de formação,"O pensar em si, falar de si e escrever sobre si emergem em um contexto intelectual de valorização da subjetividade e das experiências privadas.

Neste sentido, o conceito de “si mesmo” é, como todo conceito, uma proposta organizadora de determinado princípio de racionalidade". 

Precisamos considerar a nossa profissionalidade como atores subjetivos e subjetivantes para uma pedagogia das existencias numa perspectiva atencional aos discursos e práticas que nos compõem nesta travessia.

Neste contexto de pandemia, quarentena e isolamento, falar das nossas histórias de vida pode ter um efeito curativo e terapêutico. Professores,do mundo inteiro, dividam suas histórias com a gente, deixem aqui seus percursos, impressões, suas vozes!


sábado, 27 de junho de 2020

A Pesquisa e a Formação de Professores de Ciências e Matemática

Da série Travessias em Educação, apresento aos meus parceiros, amigos, colegas de profissão, companheiros de luta e resistência, O Livro A Pesquisa e a Formação de Professores de Ciências e Matemática. Dentre os doze capítulos, consta o resultado da nossa dissertação de Mestrado em Educação Científica e Formação de Professores da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB-Jequié), nasceu dela o sexto capítulo Problematizando o Ensino de Ciências na Educação de Jovens e Adultos. Nossa, pois além da orientação e coautoria da Professora Doutora Daisi Teresinha Chapani, foi uma pesquisa costurada por múltiplas mãos. O percurso do ingresso no Programa de Pós - Graduação Científica e Formação de Professores foi bem complexo, participei de quatro seleções, só na última consegui êxito, essa história do ingresso, conto em outro post. Na verdade, estou pensando em construir um E book, Como passar no Mestrado em 10 passos! O primeiro, com certeza é investir pesado na leitura das referências bibliográficas do Programa. O livro publicado pela Editora CRV foi organizado por três grandes referências teóricas em Educação Científica, Daisi Chapani, Ana Cristina Santos Duarte e Bruno Ferreira, a obra está disponível para venda no próprio site: você consegue comprar em apenas um clique! Valorize a produção intelectual da Universidade Pública! É um dos caminhos de fortalecimento da democracia.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Educação nas Nuvens

Conforme a etimologia , a palavra nuvem que é originária do latim “nubes” . Como na antiga Roma já havia o costume da noiva usar véus cobrindo o rosto durante a cerimônia de casamento, o véu era de material translúcido como as nuvens, de onde surgiu o verbo nubere: “contrair matrimônio, casar”. Dessa palavra, se formaram núpcias (casamento), núbil (apto para casar) e nubente (pessoa que está por casar). Segundo historiadores, na mitologia grega Nefeles era a Ninfa das Nuvens e das Chuvas. No artigo A comédia e a ruptura dos semblantes: notas sobre "As nuvens", em Lituraterra escrito por Laura Lustosa Rubião, Psicanalista, Mestra em Filosofia da Ciência pela Unicamp, Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais, dialoga com Lacan a partir da passagem do texto Lituraterra, em que Lacan menciona As nuvens (peça do comediógrafo grego Aristófanes) com a finalidade de depreender o sentido da convocação do nome do poeta cômico, nesse contexto final da obra lacaniana. Para entender o enredo de Aristófanes e a vertente lacaniana, a Psicanalista faz menção ao movimento Sofista. A sofística, movimento que abriu as perspectivas de uma nova educação para o povo grego, surgiu no contexto da criação da polis e da constituição da nova sociedade civil, no espírito do regime democrático. Sua finalidade era superação dos privilégios da antiga educação para a qual só era acessível aos que tinham sangue divino. O acesso a lugares de destaque político não mais dependia de uma hierarquia natural, mas de um exercício de retórica, que implicava, sobretudo, o bom manejo das palavras. Em outros contextos, como por exemplo, a meteorologia, Segundo dados publicados pelo Departamento de Física da UFPR, baseando-se na aparência, distinguem-se três tipos nuvens: cirrus, cumulus e stratus. Cirrus são nuvens fibrosas, altas, brancas e finas. Stratus são camadas que cobrem grande parte ou todo o céu. Cumulus são massas individuais globulares de nuvens, com aparência de domos salientes. Qualquer nuvem reflete uma destas formas básicas ou é combinação delas. Entre o final do Século XX e a na primeira década do século XXI o mundo cyber e a cultura digital agrega o termo nuvem para o contexto de armazenamento de conteúdos e informações. O termo Cloud computing ou computção em nuvem inaugurou um novo tempo para o uso de mecanismos físicos de armazenamento de informações, desencadeando novos modelos de gestão das empresas e consequentemente de gestão da educação. O disquete, os discos de armazenamento, CD, DVDs, pen-drive entre outros foram perdendo espaço, aos poucos, o Onedrive, Drobox, Google-drive entre outras explodem possibilitando o acesso aos dados em qualquer lugar por meio do smartphone, tablete, notebook, precisando apenas de conexão a internet. O armazenamento nas nuvens então passa a ser uma das fermentas amplamente utilizadas para fins educacionais. Pesquisadores destacam que a Educação 4.0 para o século XXI não pode negar o papel e a importância das Tecnologias de Informação e Comunicação no processo de mediação das aprendizagens. A Pandemia do Covid19 impôs as escolas uma mudança do presencial para o “ensino remoto emergencial”, neste contexto especificamente, a mediação da aprendizagem saiu do ambiente físico para o virtual e o armazenamento de conteúdos, vídeos, livros, exercícios passam a ser trabalhados nas nuvens em virtude da necessidade de isolamento social para minimizar os estragos provocados pela doença e evitar o colapso do Sistema Único de Saúde. A inclusão digital ainda não é uma realidade que integra todas as classes sociais no Brasil, isso é fato. A pesquisa publicada pela TIC Kids Online Brasil (https://cetic.br/pt/pesquisa/kids-online/), destaca que cerca de 1,8 milhão de indivíduos de 9 a 17 anos não são usuários de internet, enquanto 4,8 milhões vivem em domicílios que não possuem acesso à rede, ou seja, cerca de 17% de brasileiros na faixa etária de escolarização, bem como os estudantes da Educação de Jovens e Adultos. Não podemos negligenciar e lançar para invisibilidade ou criar uma “ nuvem de fumaça” para esconder esta realidade. Porém, a educação para este século precisa reconhecer que Cloud Computing, armazenamento nas nuvens é uma ferramenta essencial para educação no século XXI seja na pandemia, ou em qualquer outro contexto. A Educação para este século é atravessada por novos paradigmas e por uma nova complexidade. A Educação nas Nuvens, é inegável para esta e para as futuras gerações. (Fabiana C. Moura Neuropsicopedagoga, Mestra em Educação Coach Educacional Meu Dever de Casa)

sábado, 20 de junho de 2020

Que importância têm para professores olhar para suas próprias histórias de vida e formação profissional?

Compreender as travessias que constituem nossa identidade profissional é fundamental para refletir sobre nossos papéis e perspectiva que subsidiam nossas atuações profissionais. Quais propósitos existenciais se entrelaçam em minha profissionalidade. Em 2013 no Colóquio Colóquio Docência e Diversidade na Educação Básica conheci o trabalho do http://www.grafho.uneb.br/ O GRAFHO – Grupo de Pesquisa (Auto)Biografia, Formação e História Oral coordenado pelo Professor Doutor Elizeu Clementino. Desde então fui profundamente tocada e faço das minhas memórias como pessoa, como mulher negra, professora, curiosa, sonhadora como marcadores da minha história de vida e atuação profissional. Elizeu Clementino de Souza, uma referência no campo das pesquisas (auto) biográficas no Brasil e no mundo ressalta o quanto que as narrativas de formação oferece terreno de implicação e compreensão dos modos de conceber o presente e o passado e o futuro. Este blog nasceu do desejo de comemorar vinte anos de formação e atuação como professora. Busco reunir aqui entrevistas, narrativas e pequenas biografias (auto)narradas por profissionais de educação. Vamos narrar nossas travessias?

terça-feira, 16 de junho de 2020

A Base Nacional Curricular Comum: Um Breve Panorama

^ Desde a atualização da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), em 2017, as instituições envolvidas com a educação nacional começaram a trabalhar para se adequarem ao documento que pretende nivelar as habilidades e os conhecimentos dos estudantes em cada etapa da Educação Básica, independentemente, de onde moram ou estudam. Um dos ajustes mais comentados feitos na BNCC designa às escolas a responsabilidade de garantir que o aluno desenvolva competências específicas na trajetória estudantil, superando o conceito de acúmulo linear de conteúdos. A BNCC é um documento que já vem sendo citado na legislação brasileira desde a Constituição de 1988, já era prevista a criação de uma Base Nacional Curricular Comum para todo Ensino Fundamental, como observado pela leitura do artigo 210 em seu caput: “Serão fixados conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. “ Em 1996, a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( Lei 9394/96) assegura esse direito constitucional a todos os estudantes do Ensino Fundamental, como amplia a ideia de construção de uma base nacional, encontrada a partir da leitura do artigo 26: “ Os Currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, devem ter uma base nacional comum, a ser contemplada em cada série do sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos.” É importante destacar que o texto original foi alterado pela Lei 12.796, 2013 garantindo uma base também para a Educação Infantil. As Diretrizes Curriculares Nacionais, publicadas por intermédio da Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE/CEB), nº 4, de 13/07/2010, reforçam em seu artigo 14, uma Base Nacional Curricular Comum para toda Educação Básica e a define como “ conhecimentos, saberes e valores produzidos culturalmente, expresso nas políticas públicas (...). De 1997 a 2013, os Parâmetros Curriculares Nacionais ( PCNs) assumiram o papel fundamental na regulação dos currículos . Os PCNs orientaram a produção de material pedagógico, Livros Didáticos, Formação de Professores e balizaram o trabalho das diversas áreas do conhecimento, temas transversais e nas disciplinas curriculares. Os PCNs também configuraram as políticas públicas voltadas para a educação no âmbito municipal, dos estados e da União. No ano de 2014 ocorreu a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), um documento que indicou as 20 metas para alcance da melhoria da qualidade da Educação norteadoras das políticas públicas no decênio 2014 a 2024. O PNE foi um documento que fortaleceu o processo de construção da BNCC, pois mencionava como quesito essencial para o avanço na qualidade da Educação a meta 2 e 3, uma base sólida para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. A construção coletiva da BNCC foi iniciada em 2015, a partir da discussão que firmava o compromisso de garantir os direitos de aprendizagem universalizados mediante a criação de uma estrutura de conteúdos mínimos para que todos os estudantes no território brasileiro alcançassem com efetividade durante o ciclo da Educação Básica. Neste ensejo o MEC institui a Portaria 592, junto ao Conselho Nacional dos Secretários de Educação ( CONSED), e a União Nacional dos Dirigentes Municipais (UNDIME), o grupo de redação responsável pela primeira versão da BNCC publicada em setembro do decorrente ano apresentou uma proposta para consulta pública, em que qualquer profissional da educação poderia dar sugestões, modificar os textos e emitir suas percepções e contribuições para a versão futura do documento. Em 2016, finalizada a consulta pública em março, foi iniciado o processo de elaboração da segunda versão. Essa reelaboração aconteceu entre os meses de março a maio do mesmo ano, finalizando assim a segunda versão da BNCC. A segunda versão foi publicada no site oficial da BASE, e a partir desse momento, foi iniciada a elaboração da terceira versão do texto, nesta etapa ocorreram fóruns de debate nas diferentes redes de ensino. A terceira versão foi apresentada em abril de 2017, versando sobre Educação Infantil e Ensino Fundamental. Com relação ao Ensino Médio a discussão foi retirada da pauta entre a segunda e a terceira versão no final do ano de 2016 em virtude das discussões do Novo Ensino Médio que em fevereiro de 2017, uma nova legislação, Lei 13,415 modifica a LDB para este segmento. Entre os meses de maio a setembro a terceira versão foi colocada em discussão em cinco audiências públicas em diferentes estados brasileiros, pelos Conselhos Nacionais de Educação. Ao mesmo tempo em que as audiências públicas aconteciam, o FNDE, Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação em parceria com o MEC, indicava a utilização da BNCC – versão de abril de 2017- como norteadora da produção de livros do Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD) para os anos iniciais do Ensino Fundamental, caracterizando assim a primeira ação de implementação da BNCC. Após audiências públicas a BNCC da Educação Infantil e Ensino Fundamental foi aprovada pelo Conselho Nacional de Educação e no dia 15 de dezembro de 2018 foi homologada pelo então Ministro Mendonça Filho. Os debates sobre a BNCC do Ensino Médio continuaram em maio de 2018 o documento foi entregue ao CNE para apresentação nas audiências públicas. A discussão ocorreu em meio a um cenário de polêmicas e polarização de ideias. Em novembro de 2018, o MEC publicou a resolução nº 3 atualizando as DCNs do Ensino Médio. Este documento fundamentou juntamente com a Lei do Novo Ensino Médio, a BNCC deste segmento. Em dezembro do corrente ano, o CNE aprovou a BNCC do Ensino Médio que com a homologação, passou a integrar o documento anteriormente homologado, assim, a BNCC é firmada como documento norteador e marco regulatório da Educação Básica no Brasil. A Base é um documento que representa em sua concepção os mais diferentes sujeitos e concepções teóricas e filosóficas que compõe a educação pública e privada do Brasil. É um documento passivo de inúmeras críticas por ter uma diversidade de concepções de ensino e aprendizagem, mas também por não promover proporcionalmente avanço nas condições de trabalho do professor e na estrutura física da maioria das escolas públicas, entretanto é inegável o seu direcionamento sobre os currículos, as concepções de ensino, o livro didático, recursos pedagógicos, materiais, e a estrutura e funcionamento da educação brasileira. Portanto, precisamos assumir nossa parcela de responsabilidade dentro do processo para ressignificar nossos currículos, Projetos Políticos Pedagógicos, planos e sequências didáticas de forma a assegurar aos estudantes a construção de competências gerais e específicas e ampliar o acervo de habilidades que fundamentam e orientam a construção de concepção de ensino na perspectiva de educar para as competências necessárias para a vida em sociedade no século XXI. Referência BRASIL, Ministério da Educação ,Base Nacional Curricular Comum, 2017

Travessias: Educação na Pandemia

Reflexões sobre Educação em Contextos de Quarentena e Isolamento Social Refletindo sobre o rumo que a humanidade precisou tomar nesta pandemia e dos desdobramentos deste fato na educação pensei muito sobre a minha caminhada pela escola e como este espaço é vital em nossa construção humana. Lembro-me da infância marcada por uma ânsia de falar, questionar a realidade e meu pai muitas vezes me repreendia: - “você é muito respondona”... e de fato era, por questionar, requerer direitos, reivindicar espaços, sempre acreditei que viver era desafiar as circunstâncias, minhas professoras valorizavam esta característica peculiar. Minha família? Éramos cinco, meu pai, Paulo Vidal de Moura, minha mãe, Zenaide Santana Correia e as irmãs, Andreia, a caçula, Gabriela, a irmã do meio, a que carrega a síndrome do nome eternizada por Jorge Amado e que virou Modinha para Gabriela por Dorival Caymmi. O meu posto era o da irmã mais velha, Meu pai era analfabeto, mal escrevia o próprio nome, minha mãe estudou até a antiga quarta-série e sempre se orgulhou de ter "alfabetizado" as filhas antes de iniciar a escolarização, era muitas leituras, contações de histórias, a risca seguindo a velha cartilha amarelada que ganhou do filho da antiga patroa. Eu acredito que ela foi a minha principal inspiração pela opção em cursar o magistério e iniciar minha trajetória pela profissão docente em 1997. Me remeto sempre ao discurso do Patrono da Educação Brasileira, o Mestre e Educador Paulo Freire, na entrevista concedida à revista italiana Terra Nuova , Freire descreve sua experiência pessoal, sua compreensão sobre o processo de tornar-se educador, afirmando que: “Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro horas da tarde. Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, na prática e na reflexão sobre a prática”. Hoje, passados vinte anos de caminhada profissional na educação, passando pela rede privada, rede pública, da Educação Infantil a Universidade, eu nunca enfrentei um contexto como atual. Uma pandemia alastrada pelo planeta colocou a humanidade no movimento inverso da vida cotidiana, o isolamento em casa, com exceção dos serviços essenciais e principalmente os profissionais da saúde. Já a escola precisou fechar as portas para garantir segurança e saúde a sua comunidade e a população em geral, os decretos publicados numa sexta-feira, 20 de março de 2020, no Estado da Bahia decretou a suspensão das aulas na rede pública e privada. As recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para que a curva de contaminação do vírus fosse controlada evitando um colapso ainda maior como superlotação dos leitos hospitalares e UTIs foram a quarentena e o isolamento social. Uma inquietude surgiu, as escolas reuniam-se virtualmente na tentativa de criação de estratégias remotas para manter o vínculo com os estudantes, potencializar a atividade cognitiva e fortalecer os laços entre as famílias e a escola. As escolas publicas , Secretarias Municipais e Estaduais de Educação traçaram seus planos de ação considerando que aulas remotas seria incompatível com a realidade da rede pública visto que, um percentual significativo de estudantes não teria acesso a internet, smartphones. As comunidades rurais, ribeirinhas, periferias, não poderiam em sua maioria acessar aulas e muito menos criar uma agenda de estudos paralela muitas vezes, a rotina da fome, da doença, da escassez, da miséria, violência e morte que assolam e marginalizam as minorias sociais neste país em pleno século XXI. As escolas da rede privada então negociaram com as famílias, algumas suspenderam mensalidades da Educação Infantil, outras ofereceram descontos de até 80% e criaram alternativas por meio de canais no youtube, plataformas virtuais e contratos assinados como Google for Education. Por outro lado, um movimento foi crescendo ao ponto de plataformas de ensino cujos donos são as grandes multinacionais, que tratam a educação como mercadoria, espalharem ou melhor, venderem a ideia que “na crise, toda educação será online,” comercializam pacotes prontos, enlatados, a lógica do mercado financeiro , assegurar o lucro acima de tudo e de todos, perpetuando a desigualdade e a exclusão. Comungo do entendimento que estratégias de motivação e engajamento são de suma importância para o que for possível alcançar. A entrega de atividades impressas, apostilas junto com os kits de alimentação escolar (cestas-básicas) alternativas que emitam ao estudante a mensagem “ Estamos juntos, nos importamos com vocês, de fato não soltaremos as mãos, ainda que os laços sejam meramente virtuais. Acredito que, nada substitui a presença física, interação, a troca, a sinestesia do olhar, da audição, da criatividade, do calor humano. Neste momento a nossa melhor estratégia, é a que presa pela manutenção da saúde biopsicossocial e manutenção da vida. Superada esta travessia, a pandemia controlada, uma vacina testada e aprovada, a população imunizada “com fé em Deus”, e a vida nos oportunizar os encontros, o diálogo olho no olho, a soma dos melhores afetos e abraços, podemos então juntar as mãos solidárias e os cérebros criativos para reinventar a vida, os sonhos e as possibilidades, fazendo vivo o legado freireano, a educação como práxis libertadora, como instrumento de luta por equidade e justiça social. Portanto, se for possível, fica em casa. O caminho da resistência assertiva nesta travessia é a “pedagogia da esperança” no reencontro contínuo da “pedagogia do oprimido”. Paulo Freire, Presente. Fabiana Correia Moura, Pedagoga, Mestre em Educação Científica, Especialista em Direitos Humanos, Neuropsicopedagoga, Palestrante e Coach Educacional Meu Dever de Casa.

Professor da Rede Estadual é semifinalista do Prêmio Oceanos

  RESSURGÊNCIAS do professor e escritor jequieense José Manoel Ribeiro semifinalista do Prêmio Oceanos 2024 Imagine um livro que ressurge da...