domingo, 15 de setembro de 2024

Professor da Rede Estadual é semifinalista do Prêmio Oceanos

 



RESSURGÊNCIAS do professor e escritor jequieense José Manoel Ribeiro semifinalista do Prêmio Oceanos 2024

Imagine um livro que ressurge das profundezas do tempo, trazendo consigo ecos de vozes poéticas e experimentações literárias. Agora, imagine que esse livro é “Ressurgências” e que seu autor, José Manoel Ribeiro, semifinalista do prestigiado Prêmio Oceanos 2024!

O Oceanos - Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa (conhecido até 2014 como Prêmio Portugal Telecom de Literatura) é considerado um dos prêmios literários mais importantes entre os países de língua portuguesa, a par do Prêmio Jabuti ou Prêmio Camões, sendo considerado o equivalente lusófono do britânico Man Booker Prize, pelas semelhanças das suas regras e alto valor financeiro.

Na 1ª etapa do Oceanos 2024, foram avaliados 2.619 livros de autores de 17 diferentes nacionalidades.

Entre os classificados para a 2ª etapa: 30 semifinalistas de poesia e 30 de prosa, de 4 distintas nacionalidades. Dentre os semifinalistas, o livro RESSURGÊNCIAS do professor e escritor jequieense José Manoel Ribeiro.

“Ressurgências” é uma coletânea de poemas que abrange mais de duas décadas de produção literária. Neste livro, você encontrará uma rica diversidade de estilos e influências, desde experimentalismos “à beira da prosa” até tentativas de lidar com formas canônicas da poesia, como o soneto e o haikai. Cada poema é um reflexo das vozes poéticas que José Manoel Ribeiro escutou ao longo do tempo, diluídas em seu “subconsciente literário”. É uma obra que revela o esforço contínuo de um leitor-aprendiz de poesia em passar a limpo sua lição de casa.

José Manoel Ribeiro é licenciado em Letras e Filosofia, mestre em Estudos Literários, e atua como professor da Rede Pública do Estado da Bahia desde o ano 2000. Atualmente leciona no Colégio Estadual Luísa Mahim, em Jequié, um município localizado a 365 km da capital baiana.

Com uma carreira literária sólida, ele já publicou dois livros de contos, “Histórias de um lugarejo” e “Contos Áridos”, além dos romances “Ouça no volume máximo!” e “Srta. Acauã”.

Para conhecer mais sobre o autor e como adquirir suas obras, sigam seu perfil literário no instagram  @palavrear75


Fabiana  Moura - Pedagoga, Criadora de Conteúdo Digital em Educação e Literatura




domingo, 27 de agosto de 2023

Travessias Literárias do Escritor Carvalho Neto


Literatura na Cidade Sol

Jequié é conhecida como Cidade Sol, um município brasileiro no interior e sudoeste do estado da Bahia. Está situado a 365 km de Salvador, na zona limítrofe entre a caatinga e a zona da mata. O dito popular mais comum é que a cidade oferta um sol para cada habitante. No chão árido da caatinga, a literatura, a arte e a poesia é incandescente. 

       Do mesmo solo de Waly Salomão, germinam escritores, poetas, romancistas. No mesmo território solar descrito por Waly em Janela de Marinette," cidade dura e arreganhada para o sol" 
  a literatura e a arte florescem e frutificam. 

Pedro Anselmo ou Carvalho Neto nos presenteia com sua escrita, dentre outras publicações, a mais recente, em 2ª edição: Plástico Bolha



Conheçam Carvalho Neto, por ele mesmo:




Credenciais de partejamento:

Pedro Anselmo carvalho neto, 16 de dezembro de 1974 — primeiro berro registrado em cartório — rebento de Maria Vandete Guerreira e Samuel Quadro Galego, pai de outro em ouro Pedro, Colavolpe Carvalho, prometido e cumprido — comprometido — de Rita Zuleika Professora, nordestino, sertão baiano, da paragem de olho enorme-brilhante-latejante, Cidade Sol, também apelidada de Jequié, erê bonitim solto no velame no quase sítio que era o Jequiezinho por ali perto da Manga de Aprígio e do barreiro-olaria indo já para a Franz Gedeon. Aí cresceu.

Do estirão:

Estudante rapadura do Colégio Fernando Barreto e do Polivalente Edvaldo Boaventura, da irmandade estadual, aprendeu de um tudo que foi do bê-á-bá ao noves fora nada, passando pela latitude-longitude nome de rio afluentes que nunca conheceu, e quem descobriu o Brasil foi Pedro Álvares Cabral, mentira! não descobriu, invadiu, pouca saúde, muita saúva, os males do Brasil são, estudou o verbo to be i love you, não ouviu ninguém dizer na aula de ciências que menino tem pênis e menina é vagina, procurou na oração o sujeito escondido e, pior ainda, o inexistente, e declamou fazendo gestos caras e bocas a Canção do Exílio, ô sabiá da minha terra que o estudante em questão conhecia mesmo era só o urubu. E tudo valeu a pena, porque navegar é preciso. Foi aí que se graduou em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e partiu para outro sertão — o sertão é o mundo — no mestrado acadêmico em Literatura e Diversidade Cultural pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Que beleza! Na labuta diária pela educação e libertação de cucas, é porta-voz de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, tudo inculta e bela, nas redes pública e particular, desde 1900elávaifumaça. Atualmente exerce a lida no histórico Centro Estadual de Ensino Profissional Régis Pacheco, que nasceu Instituto de Educação Régis Pacheco (IERP), em 1948, e lá se vai é tempo.

Do escritamento:

Da boa ancestralidade literária jequieense, benzida e banhada de flores e ervas por Pacífico Ribeiro e Waly Salomão — tira a quinzanga do corpo, já tirou! —, se meteu a escrever torto por linhas tronchas as histórias de Gente. Boa-ruim-doida-besta-sabida-branca-velha-nova-pobre-preta-rica-etc-e-tal. Gente é o que não falta. O tema é sempre assim: Gente! E isso dá um pano pra manga comprimida que tem Gente que não faz nem ideia. E nessa geleia geral, que se fale bem ou que se fale mal, lá nas areias infindas, das palmeiras no país, nasceram crianças lindas, viveram moças gentis, e crianças feias e raparigas hostis, e homem bom e tanto sujeito infeliz No caminho de volta e Protetor ocular para eclipse parcial, aí contados em contos, pode aumentar um ponto, e Casa pétrea de dois alpendres, Plástico bolha e Quando nos observam, nesses pode aumentar até mais, vai caber — romances.  

Credenciais de termo:

"Autobiografia em terceira pessoa, digna de total desconfiança. 

Mais não digo."

Fonte: Arquivos pessoais de Pedro Anselmo.

Os títulos estão à venda: com o autor, pelo Instagram @p.carvalhoneto 

Na Editora Penalux : Quando nos Observam e  Plástico Bolha. 

Todas obras do autor estão disponíveis em e-books na Amazon https://www.amazon.com.br/Pl%C3%A1stico-bolha-Carvalho-Neto-ebook/dp/B07Z8J1NRS 


Fabiana Moura (@fabiiana.moura)

Pedagoga, Escritora, Colunista do Travessias.

 




sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Travessias Poéticas com Júlio Lucas

 

 


Acervo pessoal: Júlio Lucas

O grande escritor e poeta concede sua história ao Travessias. Uma costura de memórias e afetos.

Caçula de oito irmãos, filho de pernambucanos, Júlio Lucas (Júlio Pereira Lucas Neto) nasceu no ano de 1968 em Paulo Afonso (Ba). Pai de Caíque e Caio, vive há 14 anos com Lana Bartilote, ardorosa ativista dos direitos da criança e do adolescente. 

Lucas é escritor/poeta, produtor, roteirista e editor brasileiro, radicado há duas décadas em Jequié (no Sudoeste baiano). Autor de Novamente Poesia, (Ponto e Vírgula) – lançado na 10ª Bienal do Livro da Bahia (2011) - e de Radiografismos e outros poemas de morte e vida, (Editora NóCego). Este, lançado em janeiro de 2022, em Jequié e, posteriormente, no tradicional restaurante Cantina da Lua, no Terreiro de Jesus (Pelourinho), seguido de sessões de autógrafos em outras ocasiões.

Presença constante como convidado em eventos como a Flipelô - Festa Literária Internacional do Pelourinho; os Saraus da Pedra Só, em Iramaia; Flipa - Festival Literário de Paulo Afonso; e Feslam – Festa Literária de Amargosa.

Além da Poesia, trabalho artístico ao qual mais se dedica, tem contos, romance e peça teatral, ainda inéditos. Possui publicações em jornais, revistas, coletâneas, sites e blogs de literatura. Seu conto "A mutação" foi selecionado em 2021 para a antologia de contos, Entre baratas e processos (Editora Persona, Curitiba). Prepara para breve a publicação do romance O Portal do Raso. Atuante nas redes sociais, produz com frequência conteúdos artístico-culturais, à exemplo dos vídeos #PausaparaPoesia, e tem sido convidado para falar dos seus trabalhos em lives. 

Atual presidente da Academia de Letras de Jequié (ALJ), administra a Biblioteca Luiz Neves Cotrim, do Museu Histórico João Carlos Borges, e atua como produtor cultural. Conduziu a Diretoria de Comunicação do Município nos anos 2009 e 2010 e a editoria da Revista Muito Mais por quatro anos. Dirigiu o Jornal Actual, fundou o Correio do Interior e colaborou nos impressos Café com Leite, Novos Tempos, Outro papo, Revista Cidades em Foco. Tem poemas em haicais quadrinizados pelo cartunista Edú Santana na revista Come-Comix. É o criador de um dos primeiros sites da região sudoeste da Bahia, Correio do Interior Online e do blog Miscelânea, por Júlio Lucas.

Realizou por quatro anos Estação Poesia em parceria com o poeta e jornalista José Inácio Vieira de Melo. Os saraus lítero-musicais apresentaram nomes reconhecidos nacionalmente, como Salgado Maranhão, Alexandre Brito, Omar Salomão, Cacau Novaes, Márcio Catunda, Enrico Di Miceli, Joãozinho Gomes, Thiago Amud, Eliakin Rufino, Chico de Assis, entre outros. Foi curador da exposição pública Waly Aqui: Algaravias – Janela de Marinetti, em homenagem ao poeta Waly Dias Salomão, atraindo mais de dez mil visitantes ao Museu Histórico de Jequié em 2017. Coordenou e apresentou o projeto Feira da Poesia, pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura, em 2003.

Idealista, desde adolescente, foi criador de fanzines e participante de bandas no cenário alternativo da capital baiana nos anos 80, como letrista e produtor do Sinal Vermelho, e vocalista da Regicídio e Olhos de Poeta. Em meados de 90 fundou com amigos o Bando Batida Seca, grupo ponta de lança da cena cultural de Paulo Afonso conhecida como Novo Cangaço Cult. Movimento que agitou o meio cultural da região contando com a adesão de outros grupos e apoio colaborativo de jornalistas, publicitários, músicos, artesãos

Como compositor, possui outras parcerias musicais, incluindo o pernambucano Manno di Sousa, o violonista, cantor e compositor da região amazônica, Enrico Di Micelli, o grupo de jazz-rock fusion, Verbo Sonoro, e a banda de reggae Jequieense Mandacaruts.

Na TV, Júlio Lucas foi roteirista e produtor do programa Muito Prazer, Álvaro Guimarães (TV Aratu / CNT), em meados dos anos 90. Na época,  juntamente com os publicitários Rogério Xavier e Sérgio Guerra, realizou um documentário sobre Paulo Afonso com dois episódios exibidos em rede nacional. Desde então dirige clipes, documentários e vídeos institucionais para segmentos diversos (artístico, empresarial, público). Criou diversas campanhas para rádio, TV, impressos e outdoor nas agências Rush Produções e Publicidades, Moura Marketing e Propaganda e Nexmídia.

Multimídia e autodidata, apresentou por mais de uma década o Tribos do Rock, na 105 Jequié FM, onde também foi âncora do programa de jornalismo Café com Notícias. Como designer, diagramou jornais e revistas e elaborou diversas capas de livros, a saber: III e IV Concursos Literários da ALJ: Prêmio Eusínio Soares de Literatura Brasileira (2002) e Prêmio Waly Salomão (2008); Jequié - Síntese Histórica e Informativa (2011), Minidicionário Brasileiro da Língua Portuguesa (2012) e Baianês de A a Z - Dicionário do Falar Baiano (2016), do lexicógrafo Dermival Rios; Procura-se a poesia (2014), de Márcia Rúbia; e seus próprios livros: Novamente Poesia e Radiografismos.

 

Fabiana Moura

Professora, Pedagoga, Escritora.

sábado, 22 de julho de 2023

Empoderamento Feminino e a construção da defesa pessoal é tema de Encontro com a Comunidade Escolar do Colégio Luisa Mahim

 






O Colégio Estadual Luísa Mahim, Escola de Tempo Integral, localizada na comunidade do bairro Mandacaru, em Jequié/BA, participou da segunda edição do projeto de Empoderamento feminino e construção da defesa pessoal, na última quinta-feira (21). Uma ação do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia, como iniciativa de promoção de ações socioeducativas.

domingo, 9 de julho de 2023

DIEGO SANTOS, MEDALHA DE BRONZE NO OPEN PAN-AMERICANO DE JUDÔ


 

Jequié no topo das notícias do esporte, neste final de semana. Em tempos de tantas violências raciais, ainda tão recorrentes no Brasil e em nossa cidade, a vitória de um jovem negro no  OPEN PAN-AMERICANO SÊNIOR BAHIA 2023, é uma importante mensagem de superação para a juventude.

Diego é idealizador e fundador do Instituto Diego Santos, no Bairro do Mandacaru, em Jequié- Bahia. Espaço que desenvolve ações socioeducativas com apoio da equipe de voluntários. O espaço oferece serviços gratuitos de atendimento psicológico, atividade física para mulheres, grupos focais com escuta coletiva de mulheres, dentre outras ações.



Diego Santos, é idealizador e coordenador do Projeto Judô em ação, junto com seu irmão. O projeto amplia o acesso ao esporte e resgata crianças, jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade social por meio da prática esportiva,  suporte, treino e disciplina.

Neste final de semana, o nosso campeão da Seleção Brasileira subiu ao pódio no Open Pan-Americano Sênior Bahia 2023, para celebrar mais uma conquista. A competição aconteceu no sábado, 08 de julho, na Arena de Esportes da Bahia, em Lauro de Freitas. A disputa que lhe garantiu a medalha de bronze foi celebrada por Diego com muita emoção, pelo alto nível de competividade.

“Essa medalha tem um significado especial neste momento em minha carreira” afirmou Diego. O atleta está marcando seu nome no pódio da ação solidária e na história do judô baiano. Ele coleciona medalhas em competições nacionais e internacionais em quatro categorias diferentes. 

Diego Santos é uma personalidade importante na história de Jequié.

Em entrevista ao nosso blogue, o campeão deixou sua mensagem:

"Agradeço o carinho e a torcida de cada um de vocês. Conquistar esta medalha significa muito para minha trajetória profissional. É resultado de muita dedicação e superação.  Acredito que mesmo diante das inúmeras dificuldades, devemos sempre lutar!   Obrigado de coração!"

 

Fabiana C. Moura
Pedagoga, Professora, Escritora. 
Mestra e Doutoranda em Educação Científica e Formação de Professores (UESB/JEQUIÉ)

domingo, 2 de julho de 2023

“O racismo no Brasil se caracteriza pela covardia"

 



“O racismo no Brasil se caracteriza pela covardia. Ele não se assume e, por isso, não tem culpa nem autocrítica. Costumam descrevê-lo como sutil, mas isto é um equívoco. Ele não é nada sutil, pelo contrário, para quem não quer se iludir ele fica escancarado ao olhar mais casual e superficial.” (Abdias do Nascimento)

Abdias  foi um dramaturgo, pintor, escritor, professor, deputado e senador da República. Em 1944, Abdias criou o Teatro Experimental do Negro. Na época, uma iniciativa totalmente insólita que tentava promover a inclusão de atores, diretores e autores negros. Como parlamentar, Abdias Nascimento apresentou diversos projetos para reduzir a desigualdade racial.

As forças de Segurança Pública, as Instituições, a sociedade geralmente negam o racismo em suas abordagens. Alegam que são casos isolados, acusam praticamente na totalidade, pessoas negras. Por isso, gritar que “Vidas Negras Importam” é imperativo diante dos fatos e da realidade. É despreparo técnico? Talvez.  A ausência de Educação em Direitos Humanos com recortes de gênero/raça/classe corrobora para perpetuação das violências múltiplas no Brasil. As desigualdades, a truculência, violação de direitos sustentam a estrutura de privilégios para os velhos grupos históricos. Vamos aos fatos!

Durval Teófilo, 38 anos, homem NEGRO foi morto a tiros pelo vizinho no dia 02 de fevereiro de 2022 por Aurélio Alves Bezerra, Sargento da Marinha que alega ter confundido o homem com um assaltante.

Samantha Vitena Barbosa, 31 anos, mulher negra, professora, pesquisadora, foi expulsa do voo da Gol, Linhas aéreas, por se recusar a despachar a mochila com seu notebook, em voo entre Salvador e São Paulo no mês de maio do corrente ano, 2023.

Antônio José da Silva Gonçalves, homem negro, pai, esposo, Professor, Psicopedagogo, Intelectual e Pesquisador.   No dia 24 de junho de 2023, durante os festejos juninos da cidade de Jequié-BA, foi vítima de uma abordagem truculenta da Polícia Militar do Estado da Bahia. O professor é um estudante do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Formação de Professores - PPGECFP na UESB, foi professor substituto de Atendimento Educacional Especializado (AEE) do Instituto Federal da Bahia - Campus Jequié e integrou a Coordenação de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (CAPNE). Atualmente é membro do Núcleo de Estudos AfroBrasileiros e Indígenas (NEABI) do Campus.

William Silva, Nutricionista, Pedagogo, Coordenador do Curso de Nutrição na UNIFTC-Jequié, homem NEGRO, honesto, trabalhador. Acusado de roubo no camarote do São Pedro de Ipiaú. Abordado na frente de todos por Policiais Militares.

O corpo negro é o único alvo suspeito?

 

Até quando?

Até quando

Assistiremos ao genocídio de jovens negros,

"deitados eternamente em berço esplêndido"?

Até quando

Nossos sonhos serão aniquilados

com o braço da violência

E do racismo estrutural

Institucionalizado neste país?

Parafraseando Elza Soares,

Até quando

"A carne negra será a carne mais barata do mercado”?

Até quando

Eles vão abordar a juventude negra

Entregando-lhe sentença de morte,

Destruindo nossas famílias?

Até quando

Derramarão o nosso sangue em projetos “civilizatórios”

Considerando-nos seres sem alma,

Sem intelecto e em sonhos? (...)

 

Fabiana Moura mulher negra, Pedagoga, Professora, Pesquisadora. Escritora.

Instagram: @fabiiana.moura



 




Confiram o Novo Conto " Augusto César, O Cientista que Quis ser Poeta


Augusto César, O Cientista que Quis Ser Poeta

Augusto é um menino nascido e criado na Fazenda Grande em Salvador. Na infância vivia assustando sua avó, Dona Preta, com suas artimanhas e peraltices. Era um tal de subir em árvores, comer goiaba bichada, tomar banho de rio, lago e lagoa, deixava os fios de cabelos brancos da avó em pé. 

Augusto não  conheceu a mãe. Célia morreu logo após o parto. Teve pneumonia, depressão pós-parto, anemia e desnutrição. Foi muito difícil carregar a gravidez durante os nove meses, porque eu já estava muito debilitada quando engravidou.

Dona Anésia, conhecida como Dona Preta no Retiro, Liberdade e Fazenda Grande, passou a viver entre o trabalho como diarista e em casa. Foi muito triste perder sua única filha. Criar Augusto César foi o que preencheu a alma de esperança e força.

Augusto César começou a frequentar a escola aos cinco anos. Dona Preta  trabalhava como diarista, ganhava um salário-mínimo, custa caro sobreviver, mas ela seguia firme. Fazia cocada, tapioca, bolo de milho e um caldo de abóbora que era conhecido na comunidade. O lucro oriundo dos quitutes, era usado no sustento da casa e investido nos estudos de Augusto. 

O menino peralta sempre gostou de escrever, mas os seus olhos saltavam com brilho especial na escola durante as aulas de Ciências do seu Mestre. O Professor Doutor André, homem branco, nascido e criado na periferia do Rio de Janeiro, muito consciente dos privilégios da sua cor e atento aos jovens pretos , valorizava a curiosidade da garotada.

No Ensino Médio Augusto César resolveu participar de um concurso de poesia na escola que estudava. O Colégio Estadual era próximo de sua comunidade e ele começou a sentir prazer em escrever sobre as histórias do Retiro, da Liberdade, do Largo do Tanque, o concurso lhe rendeu uma premiação e bolsa de estudos no pré-vestibular.

Se inscreveu para a Faculdade de Medicina, mas não foi aprovado com a nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), então decidiu cursar Biologia no Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, conseguiu um emprego e assim garantiu seu sustento e de sua avó, Dona Preta.

O caderno com as páginas amarelas e seus textos escritos a lápis, foi guardado numa caixa em cima do velho guarda-roupa. Augusto concluiu sua graduação, em seguida, foi aprovado para o Mestrado em Biodiversidade e Evolução. Não foi fácil conciliar os estudos e a rotina de trabalho numa barbearia.  No final do Mestrado com o dinheiro economizado, Augusto resolveu realizar um sonho antigo de Dona Anésia. Foram conhecer a mãe África. Era sonho de infância de sua avó pisar no solo de Angola. A bisavó de Augusto deixou as histórias angolanas gravadas na memória e no coração da pretinha Anésia, ainda na infância, as histórias ancestrais e de seus antepassados.

Ao voltar da viagem a Augusto se inscreveu no concurso público para professor efetivo do mesmo Instituto de Biologia que o formou e foi aprovado. Durante uma viagem da Universidade, conheceu a jovem Luanda, anos depois os dois resolverem morar juntos. 

Com muito trabalho e economias do casal, conseguiram comprar uma casa maior e realizar o sonho de morar na Barra, Augusto, Luanda e Anésia se mudaram. 

Na organização da bagagem, Dona Preta encontrou o caderno amarelo e empoeirado de Augusto César. No momento em que ele abriu o caderno, leu seus próprios textos depois de mais de doze anos, em voz alta, riu bastante, chorou emocionado e mostrou a Luanda, mulher negra, pedagoga, professora dos anos iniciais, escritora de livros infantis... ela ficou perplexa com a riqueza dos escritos de Augusto César e insistiu para que fossem publicados. 

Ele riu, dizendo que era uma besteira e que ela deveria esquecer aquela história. Ela voltou a insistir e ele nervoso, com um tom bem sério respondeu:  - "Não posso perder tempo com essas frivolidades da juventude, só quero ser cientista, preciso focar na pesquisa e no meu doutorado".

Ele precisou escolher, assim fez. Por fim, eles foram morar na nova casa na Barra e ninguém mais tocou no assunto. Dona Preta pediu a Luanda paciência, que tentasse respeitar, aceitar a decisão do seu neto:

_ " Querida a vida foi muito dura com ele, perdeu a mãe muito cedo, não conheceu o pai e enfrentou inúmeras dificuldades. Ele viu muitos de seus amigos, colegas sendo mortos pela violência."

Numa tarde de sábado,  Augusto chegou do trabalho, tomou umas cervejas sozinho em casa. Luanda e vó Preta foram visitar os parentes e só voltariam no início da noite. Ele abriu o armário, pegou o caderno  empoeirado com páginas amareladas, escreveu na última página:

 " Augusto César, o Cientista que quis ser poeta", guardou o caderno no mesmo lugar e pensou:

_ “Nem todos os sonhos do mundo são possíveis, quando se nasce pobre, órfão, preto e periférico, sobretudo num mundo que você vale mais pelo que têm e não pelo que você é.”

Moral da história: O privilégio de escolhas no Brasil, é deliberado pela cor.

Fabiana Moura, Pedagoga, Escritora, Blogueira por distração.

@fabiiana.moura (instagram)

 


A potência de Fabiana Moura em seu "Estado de Poesia"


 
 ‘"Estado de Poesia"’

O livro ‘Estado de Poesia’, da autora baiana Fabiana Moura, remete-nos à impermanência, construção e todos os devires. De tempos de outrora, desde a Idade Média… mas não é passado, é presente latente que se desdobra nas bruxas-Mulheres da atualidade e nos corpos deitados num “berço esplêndido”... O convite é potente!

Escritos-poemas que nos convidam para uma imersão mediante um campo semântico, e com sentidos do verbo sentir, para as feridas abertas, travessias, lutas, desejos, vidas, entregas, ancestralidades, subjetividades… Uma borboleta para esperançar. Que não nos falte esperança…

Esta poetisa produz a esperança alicerçada num posicionamento diante do mundo através de suas palavras bem escolhidas e ritmadas na cadência de suas vivências.

A poesia de Fabiana é viva porque brota da vida pulsante nas esferas sociais e privadas; sempre a nos lembrar que a estética literária pode materializar o texto como mediador do diálogo entre escritora e leitoras/es. Por isso, a palavra literária torna-se inacabada e aberta para a grande conversa que nunca se esgota na palavra final… A grandiosidade de seus poemas! 

Senti o fogo ardendo no meu corpo como se estivesse na fogueira, ao passo que senti meu corpo desejando liberdade quando me reconheci nas labaredas do patriarcado… Diálogo com a ancestralidade, um espelho desnudou a alma! 

Não poderia sentir diferente, pois a poesia apresentada neste livro pulsa e mexe com a gente… A literatura na sua condição de formação de subjetividades. Uma didática da subjetividade!

Por isso, entregue-se à leitura e ao sabor das palavras de uma Mulher que, na sua escrita caleidoscópica, apresenta as facetas de um mundo ancorado na sensibilidade, na delicadeza e, sobretudo, na força e no poder da palavra poética. Obrigada.

*Elane Nardotto é escritora, doutora em Educação pela UFBA e professora do IFBA.

Reportagem: https://www.correio24horas.com.br/artigo/a-potencia-de-fabiana-moura-em-seu-estado-de-poesia-0323

domingo, 7 de maio de 2023

Colégio Estadual Luísa Mahim lança o Projeto " Leitura com sabor de chocolate"



Leitura com sabor de Chocolate



No dia 14 de abril de 2023, no Colégio Estadual Luísa Mahim, aconteceu a abertura do  projeto “Leitura com sabor de chocolate” e reinauguração da Biblioteca Escolar. O projeto tem como objetivo mobilizar o hábito da leitura entre os alunos  , de maneira lúdica, dinâmica e integrada ao ambiente escolar, dando o devido destaque ao mágico espaço da biblioteca.


 Propomos relacionar a prática da leitura ao “doce sabor” do conhecimento, com sorteios de chocolates para aqueles que participarem e realizarem as atividades propostas ao longo do ano. Mais do que adoçar a vida dos educandos, os professores Ana Cláudia Pinheiro de Matos e José Manoel Ribeiro, assim como a equipe gestora e a coordenação pedagógica, pretendem mostrar a esses jovens tão especiais, a importância da leitura para uma maior, mais qualificada interação com o mundo e para a otimização da capacidade de transformar positivamente a sua própria realidade. Crônicas, contos, novelas, romances, poemas (e muito chocolate, claro!) farão parte do cotidiano dos participantes. 


Em linhas mais específicas, o projeto busca fomentar o gosto pela leitura, o prazer e a fruição para que os alunos possam aguçar o senso crítico próprio daqueles cidadãos ativos e capazes de contribuir significativamente para a comunidade em que estão inseridos.


O evento de abertura contou com a participação de escritoras e escritores. Estiveram participando do momento, os escritores:  Professores Mestres,  José Manoel Ribeiro  e Domingos Ailton, as escritiras:  Profª  Fabiana Moura, autora da obra literária Em Estado de Poesia, a Nutricionista e Escritora Luisa Ribeiro Santos, também participaram virtualmente, com mensagens de acolhimento e incentivo a leitura, as escritoras, Profª Dra Lélea Amaral e a Dra  Paula Vinagre.


Cada escritor/a apresentou uma breve biografia, relatos do despertar para o universo da literatura, o apreço ao mundo encantado dos livros e falaram um pouco das sua obras.


 Partimos da premissa freiriana sobre a da importância do hábito de ler, visto que a consciência crítica tem na leitura sua mais fecunda possibilidade. A leitura precisa ser  parte da vida cotidiana das pessoas, sendo apresentada de uma forma ampla, superando a linearidade  do código escrito, sobretudo aprender ler o mundo e compreender o significado das coisas. e a “leitura do mundo precede a leitura da palavra” (FREIRE, 1989), .


 Colunista do Travessias: Fabiana Correia Moura, mãe de Júlia e Maria Luiza, Coordenadora Pedagógica no Colégio Estadual Luísa Mahim em Jequié- Bahia. Escritora, Professora, Palestrante, licenciada em Pedagogia, autora da obra Em Estado de Poesia, Mestra e doutoranda em Educação Científica e Formação de Professores. Idealizadora do Projeto de Residência de Aprendizagem Criativa: Min@s na Ciência Bahia, integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas Impressões e no Observatório de Mulheres Negras (UESB).

Instagram: @fabiiana.moura




 


Escola de Pesquisadores em Travessias

A Escola de Pesquisadores realizará mais um evento online.

A Escola de Pesquisadoresé uma ação que faz parte do Grupo de Pesquisa em Educação em Ciências, Saúde e Diversidade, vinculado ao Departamento de Ciências Biológicas (DCB), com coordenação da professora Ana Cristina Duarte. A iniciativa também tem o apoio do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Formação de Professores e de professores e estudantes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Bauru. Os eventos realizados pela Escola de Pesquisadores populariza o ensino, a pesquisa e a extensão com atividades sobre: escrita científica, a pesquisa qualitativa em educação, as questões éticas da pesquisa, dentre outras temáticas. As atividades ocorrem no formato presencial e online no Canal: https://www.youtube.com/@escoladepesquisadoresba7373.
Aproveitamos o ensejo, para anunciar ao público que acompanha o trabalho da Escola de Pesquisadores e das Min@s na Ciência, que os dois projetos firmaram uma parceria colaborativa. 
O Min@s foi idealizado por professoras da Educação Básica, jequieenses: Adriana Silva Barbosa, Fabiana Moura, Fernanda Márcia Barbosa Santos, Luciara Furtuozo, dentre outras colaboradoras. 
A proposta foi construída nas Residências de Aprendizagem Criativa do Instituto Anísio Teixeira. As oficinas  são desenvolvidas no Centro Juvenil de Ciência e Cultura em Jequié e nas escolas da Rede Estadual da Bahia ( Núcleo Territorial de Educação) NTE 22, com objetivo de motivar as meninas e mulheres do Ensino Médio à cursarem o Ensino Superior, trilharem as carreiras científicas, além de promover diálogos sobre empoderamento feminino, movimentos de mulheres etc. Portanto, esta parceria assume o compromisso de  contribuir com as discussões do campo  da Educação em Ciência, da pesquisa qualitativa em educação, na perspectiva das epistemologias feministas, do feminismo negro e os múltiplos movimentos de mulheres.
Nós acreditamos na potência da máxima " Nada sobre nós, sem nós."
Na próxima semana (09/05/2023), a Escola de Pesquisadores em parceira com o Programa de Pós-graduação em Educação para a Ciência, promoverão a palestra "Questões Éticas na Pesquisa Científica". O encontro contará com a participação  da Profa. Dra. Luciana Massi ( Docente do PPGEdC e Presidente do Comitê de Ética da FCLAr/Unesp)  e da Doutoranda   Gabriela Agostini ( Discente do PPGEdC).

🔬Inscrições abertas: Gratuitas; 
🔬 Atividade com emissão de certificados ; 
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Colunista do Travessias: Fabiana Correia Moura, mãe de Júlia e Maria Luiza, Escritora, Professora, Palestrante, licenciada em Pedagogia, autora da Obra Em Estado de Poesia, Mestra e doutoranda em Educação Científica e Formação de Professores.  

Coordenadora Pedagógica no Colégio Estadual Luísa Mahim em Jequié- Bahia.

Instagram: @fabiiana.moura



 

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Roda de Leitura da Felisquié Itinerante é promovida pela Secretaria de Cultura em Jequié







 


Para  lembrar os 20 anos  de falecimento do poeta jequieense Waly Salomão, que ocorre nesta sexta,5 de maio, a Prefeitura de Jequié através da Secretaria de Cultura e Turismo  realizou  nessa quinta-feira, 4 de  maio, na  Escola Estadual Luiza Mahin a primeira roda de leitura da Felisquié Itinerante, que até o início de setembro deste ano irá percorrer espaços educacionais e cultuais de Jequié e  de outros municípios baianos celebrando  os 80 anos de nascimento do artista tropicalista.

A roda de leitura foi aberta com a palestra  do secretário de Cultura e Turismo da Prefeitura de Jequié, Domingos Ailton, intitulada “Waly Salomão vive nas nossas memórias”, que contou com as presenças das professoras Ana Cláudia Pinheiro de Matos (que coordena a biblioteca da escola  e,   ao lado do professor mestre  Manoel Ribeiro,  o Projeto “Leitura com Sabor de Chocolate) e a coordenadora pedagógica do colégio,Sônia da Silva Alves e Silva.  

“ A  origem do poeta Waly Salomão  coincide  o que viria ser  o movimento tropicalista brasileiro: Uma junção entre o local e o estrangeiro. Waly nasceu em Jequié (município baiano onde a Caatinga se encontra com a Mata Atlântica e a Mata de Cipó)  de uma mãe sertaneja   e de um pai imigrante sírio”, destacou o palestrante. 

Domingos Ailton ressaltou que Waly foi um leitor exemplar, que tanto lia em casa junto com sua família quanto na Biblioteca Municipal Newton Pinto de Araújo, e quando o cantor Gilberto Gil assumiu  o Ministério da Cultura há 20 anos o nomeou Secretário Nacional do Livro e da Leitura. Waly Salomão tinha uma ideia de que o livro fosse incluído como item na cesta básico do brasileiro, mas morreu antes de ver seu projeto concretizado, mas a atual gestão da Secretaria de Cultura e Turismo em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social está colocando em prática o sonho do poeta Waly Salomão, incluindo o livro  em ações sociais do programa de cesta básica.

O secretário Domingos Ailton enfatizou também a dimensão multiartista do Waly Salomão, que foi  coordenador do Carnaval de Salvador, ator, interpretando ao lado da atriz e jornalista Marilia Gabriela,  no filme de Ana Carolina, o poeta baiano Gregório de Matos, produtor cultural onde produziu grandes shows da MPB e compositor com letras de  canções marcantes na música brasileira nas vozes de Maria Bethania, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jards Macalé,   Zeca Baleiro e  nas bandas Paralamas do Sucesso e o Rappa entre outros.

Durante a roda de leitura foram lidos e interpretados  poemas e canções  de autoria do Waly Salomão, a exemplo de  “Janela de Marinetti”,  “Olho de Lince “, “Mel”, “Vapor Barato” e “Assassinaram a Gramática”.


Colunista do Travessias: Fabiana Correia Moura, mãe de Júlia e Maria Luiza, Escritora, Professora, Palestrante, licenciada em Pedagogia, autora da obra Em Estado de Poesia, Mestra e doutoranda em Educação Científica e Formação de Professores. Idealizadora do Projeto de Residência de Aprendizagem Criativa: Min@s na Ciência Bahia, integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas Impressões e no Observatório de Mulheres Negras (UESB). Coordenadora Pedagógica no Colégio Estadual Luísa Mahim em Jequié- Bahia.

Instagram: @fabiiana.moura

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